quarta-feira, dezembro 31, 2003

APCT

A Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação divulgou ontem os dados das vendas dos jornais em Portugal.

O "Correio da Manhã" manteve a liderança das vendas entre os jornais diários generalistas nos primeiros nove meses de 2003, seguido de perto pelo "Jornal de Notícias".

Neste segmento, apenas os jornais populares registaram aumento de vendas nos três primeiros trimestres do ano: o "24 Horas", 36,24 por cento; e o "Correio da Manhã", 16,02 por cento. Mas as vendas do primeiro baixaram no terceiro trimestre face aos meses precedentes, enquanto as do "Correio da Manhã" subiram.

A posição relativa entre o "Diário de Notícias" e o "24 Horas" inverteu-se face aos valores de há três meses, tendo o primeiro recuperado o quarto lugar nas vendas de diários generalistas, mas apenas 27 exemplares acima dos 49.033 do "24 Horas", o que acaba por ser um "empate técnico".

Face a igual período de 2002, os dados agora conhecidos representam uma subida de 16 por cento para o "Correio da Manhã" e uma descida ligeira, de 0,53 por cento, para o "Jornal de Notícias", alargando-se o intervalo que separa os dois títulos para 7289 exemplares, quando em Junho era de apenas 4289.

Outra distância que se alargou foi a que separa o "Público", que mantém a terceira posição, do "Diário de Notícias", em quarto lugar na circulação paga (que inclui as vendas em banca e as por assinatura). Os valores relativos aos primeiros três trimestres do ano representam uma descida homóloga de 0,97 por cento para o "Público" e de 7,18 por cento para o "DN", o que alarga a distância entre os dois de 5127 exemplares de Janeiro a Junho para 6046 de Janeiro a Setembro.


Uma dúvida que me assola: estarão estes dados correctos, ou seja, os números que os jornais divulgam à APCT correspondem à realidade?

segunda-feira, dezembro 29, 2003

2004

O que reserva 2004 para o jornalismo portugu�s? Que volta seria necess�rio dar-se para que o nosso jornalismo se voltasse a escrever, de novo, com J mai�sculo?

Aceitam-se cr�ticas, d�vidas, opini�es e pareceres. Basta comentar ali em cima ou enviar-me um e-mail.

segunda-feira, dezembro 15, 2003

Nos últimos anos publicaram-se dezenas de títulos relacionados com os "media" e o jornalismo, num claro contraponto com um passado ainda recente. Só a Colecção Comunicação, da editora Minerva Coimbra, subdividida nas séries Jornalismo, Media e Teorias, publicou uma trintena de livros desde 1997.
Para além disso têm aparecido, em várias editoras, colecções dedicadas a estas temáticas, que vão lançando regularmente novos títulos.

Os artigos podem ser lidos na secção de Media da edição de ontem do Público.

Este é um bom sinal, numa altura em que este sector atravessa algumas dificuldades no nosso País...

sábado, dezembro 13, 2003

A propósito desta questão da Obrigatoriedade do Diploma de Jornalismo, novas opiniões foram colocadas nos grupos Jornalistas da Web e Defesa do Jornalismo.

Deixo aqui algumas delas:

Eduardo Henrique Furlan considera que "...entristecidos ficamos quando vemos outra decisão como esta, quanto será que estão ganhando estes juizes? É triste saber que novamente teremos que brigar para sermos reconhecidos como verdadeiros profissionais, e que o jornalista necessita de formaçao superior específica em jornalismo!"

Ricardo Ishmael escreveu que "Notícia é bem simbólico e, por isso mesmo, cultural. É
instrumento de formação, não mercadoria barata, produto cuja fabricação dispensa conhecimentos "acadêmicos". Formar opinião requer cuidado, responsabilidade, exige ética, compromisso e respeito para com o público. Um diploma, evidentemente, não garante a execução correta do jornalismo, não é passaporte para a isenção. Mas é um indício... Sugere o envolvimento do indivíduo em discussões de grande importância para a actuação profissional. Transmitir informação, servir como intermediário entre factos e públicos não é uma tarefa "qualquer", um ofício que prescinde formação acadêmica. Repudiemos a atitude de meia dúzia de juristas, magistrados enclausurados em salas e gabinetes refrigerados, alheios à vida que pulsa nas ruas e, quem
sabe até, aos impactos de uma postura parcial em cada uma de nossas vidas.
"

Vanderlei Abreu de Paulo, Editor-chefe da Central de Negócios em RH Editora & Marketing é de opinião que "É uma pena que esse assunto venha à tona novamente, justamente num momento em que o Presidente do STF, Maurício Corrêa, tenta fazer um trabalho para resgatar a credibilidade do Judiciário.
Sou contra qualquer tipo de corporativismo. Há jornalistas brilhantes que não têm diploma, simplesmente porque o curso sequer existia quando começaram a exercer a profissão e, quando de sua regulamentação, conseguiram o registro no Ministério do Trabalho. Para parar com essas idas e vindas na Justiça, a FENAJ devia era se mobilizar para criar o Conselho Federal de Jornalismo. Uma aberração é existir o Conselho Federal e Conselhos Regionais de Relações Públicas e o mesmo não acontecer com nossa profissão.
"

Aceitam-se outros comentários, é claro...

quinta-feira, dezembro 11, 2003

Justiça anula obrigatoriedade de diploma de jornalismo


O juiz Manoel Álvares, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (Brasil) restabeleceu, no passado dia 2, a decisão judicial que anulou a obrigatoriedade de diploma para o exercício da profissão de jornalista.

Por conta disso, as delegacias regionais do trabalho ficam obrigadas a emitir o registo profissional mesmo para pessoas que não tenham o diploma. Álvares manteve a sentença da juíza Carla Abrantkoski Rister, da 16ª Vara Cível, que havia sido suspensa em 23 de Julho, pela desembargadora federal Alda Basto.

Em sua argumentação, o juiz afirmou que enquanto não houver uma decisão judicial em instância superior, os jornalistas não diplomados sofreriam danos irreparáveis ao serem "impedidos de exercer suas actividades".

O juiz declarou que o recurso da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repete os argumentos usados - e já rejeitados por ele - contra a liminar concedida em Outubro de 2001 pela juíza Carla Rister, suspendendo, antes da apreciação do mérito, a obrigatoriedade do diploma.

A Fenaj fica então obrigada a emitir a Carteira Nacional de Jornalista, sem qualquer restrição aos beneficiados pela sentença, sob pena de multa.

A suspensão da exigência de curso de jornalismo ainda é provisória. O caso pode até chegar ao Supremo Tribunal Federal.

Dica de Último Segundo

terça-feira, dezembro 09, 2003

Carlos Chaparro, professor de jornalismo da Universidade de São Paulo publicou recentemente o artigo "Precisamos, sim, do jornalismo idealista". Nesse artigo, Chaparro considera que "...Comparado com o de antigamente, o jornalismo de hoje tem problemas novos, que reclamam novas competências, que exigem, por sua vez, ferramentas conceituais e habilidades mais sofisticadas. Até por isso, precisamos, sim, de profissionais (de todas as idades) que busquem e continuem a acreditar no idealismo que vincula o jornalismo à elaboração de um mundo ético..."

Dado o tamanho do artigo, não o publicarei aqui na sua íntegra. Se alguém pretender uma cópia, basta enviar-me um e-mail
.

quinta-feira, dezembro 04, 2003

Sociedade brasileira dos pesquisadores de Jornalismo


Foi realizada, no passado dia 29 de Novembro, na Universidade de Brasília a assembleia de fundação da Sociedade Brasileira dos Pesquisadores de Jornalismo. Esta entidade terá um papel importante no estímulo à pesquisa em jornalismo, que vem crescendo muito nos últimos anos. Segundo dados oficiais, em 1993, não havia qualquer grupo de investigação nesta área, mas em Junho de 2003, a entidade que fomenta a pesquisa científica no país já tinha registrados 47 núcleos dedicados ao jornalismo.

Para quando algo do género, aqui em portugal???

domingo, novembro 30, 2003

Reforma da Imprensa regional em vigor no Início de 2004


A nova legislação que reformula os apoios a dar à imprensa regional deverá entrar em vigor nos primeiros meses de 2004, afirmou anteontem o secretário de Estado para a Comunicação Social, Feliciano Barreiras Duarte, durante um encontro dedicado aos "media" na diáspora que se realizou em Gaia.

Veremos como serão distribuídos esses apoios. É que, a imprensa dita "menor" já merece e necessita desses mesmos apoios.

sábado, novembro 29, 2003

Treze directores de órgãos de comunicação social assinaram ontem uma declaração de princípios relativa à cobertura de processos judiciais, patrocinada pela Alta Autoridade para a Comunicação Social, que visa evitar que tanto os "media" como a Justiça cometam excessos no quadro do chamado processo Casa Pia e de outros julgamentos de interesse público.

São eles: "Correio da Manhã", "Diário de Coimbra", "Jornal de Notícias", NTV, "O Primeiro de Janeiro", Rádio Comercial, Rádio Renascença, RDP/RTP, "Semanário", SIC, SIC Notícias, TVI e "Visão". Nos próximos dias, o documento deverá ser subscrito pelos responsáveis de "A Capital", "Expresso", Lusa, "O Comércio do Porto", "O Independente", PÚBLICO, "Tal & Qual", TSF, "Vida Económica" e "24 Horas".

Pontos principais da Declaração
Será que a Internet já permite que o jornalismo supere o histórico problema de tempo e espaço?
Em muito breve será necessário reinventar o jornalismo, tanto no que diz respeito ao conteúdo, quanto no que diz respeito especificamente ao negócio dos produtos jornalísticos?

Pergunta colocada por Maria Elisa no grupo Jornalistas da Web.

Aceitam-se comentários.

segunda-feira, novembro 24, 2003

O futuro do jornalismo


A resposta está aqui, segundo um estudo feito recentemente.
No documento, pode ler-se que "... Newspapers are created by journalists, who now have to master a new set of tools to be able to make use of the online medium in the most relevant way. On the one hand, the Internet offers new ways of collecting and reporting information, and the integration of Internet access into the newsroom and economisation of the news gathering process will dominate future news production.

On the other hand, making use of the medium to publish newspapers also requires a completely new set of skills, one that at this point few journalists have. They have to learn how to organise stories into structures conducive to interactive reading online. They might need to learn about using audio, video, animations, interactive maps, and databases.
"

Dica de Jornalistas da Web

domingo, novembro 23, 2003

Parem lá com isso


Este artigo, publicado na edição de hoje do Público, é assinado por Mário de Carvalho, jornalista e operador de câmara da CBS News.
Uma interessante forma de ver e olhar a guerra aos olhos de alguém que só tem experiência sobre o assunto.

sábado, novembro 22, 2003

Hebe Camargo pode ser processada por ferir a Lei de Imprensa


A apresentadora Hebe Camargo, do SBT (Brasil), pode ser processada por ferir a Lei de Imprensa. Isso porque Hebe afirmou, durante um dos seus programas, que mataria o menor que assassinou a adolescente Liana Friendenbach e seu namorado Felipe Caffé.
A apresentadora afirmou: “Viu, Champinha, eu vou fazer uma entrevista com você. Vou mesmo. Se me deixarem, eu vou. Mas vou armada. Eu saio de lá e vou para a cadeia, mas vivo ele não fica". A apresentadora salientou ainda que gostaria de cortar o menor em pedaços.

O Ministério Público brasileiro pediu uma cópia do programa e vai analisar o que foi dito por Hebe. Ela pode ser acusada de “incitar a prática de infracção às leis penais”.
A assessoria de imprensa da apresentadora diz que ela “agiu como qualquer pessoa indignada com a situação”.

Dica de Revista Imprensa.


É, decerto, um excesso de opinião; no entanto, vamos ver no que vai dar.

quinta-feira, novembro 20, 2003

Registo hoje, 4011 visitas. Agradeço, por isso, a visita de todos os que por aqui têm passado e/ou continuam a passar.

Jornalismo Fardado

O novo Jornalismo Fardado


Vai ser lançado no próximo dia 25 de Novembro, o livro “O Novo Jornalismo Fardado, El País e o Nacionalismo Basco”, de Angel Rekalde e Rui Pereira.
O livro será apresentado na Casa da Animação - R. Júlio Dinis, edifício Les Palaces, no Porto) pelo jornalista do Jornal de Notícias e presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alfredo Maia, seguindo-se um debate aberto com os autores.
No dia seguinte, 26, haverá uma sessão aberta, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, embora predominantemente destinada a estudantes do Curso Superior de Jornalismo e Ciências da Comunicação, com a participação dos autores.

Centrado num dos mais prestigiados e insuspeitos órgãos da imprensa europeia, este livro constitui a anatomia de uma oculta operação de propaganda e manipulação tão vasta e inimaginável quanto ignorada.

Face ao desafio independentista, há que traçar um plano profundo e meditado, de curto, médio e longo prazo. Há que organizar sempre dentro dos limites do Estado de Direito, uma operação global em sentido contrário àquele que os bascos sofreram. Há que dedicar durante duas ou três décadas, muitos milhares de milhões de pesetas anuais para financiar um plano que se estenda das histórias aos quadradinhos às séries de televisão, das escolas à cátedra da universidade, dos empregados aos empresários, da divulgação popular à investigação científica, dos serviços de informações às mais subtis engrenagens das forças de segurança. A História, a verdade e a razão estão com a unidade de Espanha [...] e é necessário penetrar todos os tecidos do povo basco de forma sistemática, estudada e bem financiada, com a grande verdade histórica do ser espanhol para reconstruir o leito comum da pátria”.

Este livro, do Campo das Letras pode ser encomendado pelo telefone 22 608 08 70, por e-mail, ou por correio: Campo das Letras – Editores, S. A., Rua D. Manuel II, 33 – 5º / 4050-345 Porto.
O livro tem 192 páginas e custa 14.28 Euros.

quarta-feira, novembro 19, 2003

Ser jornalista é...


A resposta está aqui.
Curiosa, é a tabela de remunerações.
Futuros jornalistas


Por Marcelo Paes

Futuros jornalistas. O principal inimigo do escritor é a folha em branco. Nela, tudo pode ser feito. Obras primas e as maiores barbaridades podem ser colocadas no papel e lidas por milhares de pessoas. No jornalismo a ideia é semelhante. A diferença é que o jornalista tem uma obrigação que o escritor não tem necessariamente: a verdade.

Quase todo o estudante de jornalismo é idealista ao ponto de querer mudar o mundo com seus textos. Isso não é nada fácil. O jovem jornalista ainda não sabe que vai ter que passar por cima de muitos problemas para ver o seu texto publicado, vai ter muitas dores de cabeça, vai ter algumas decepções, e vai acabar pensando que está trabalhando no ramo errado. Mas isso é normal, afinal o médico não tem que estudar em cadáveres inertes para poder aprender a lidar e curar um ser humano?

Se falarmos com jornalistas experientes, eles dirão que já passaram por muitas "histórias" antes de se tornarem as figuras de destaque que são hoje. O defeito do aprendiz de jornalista é pensar que vai acabar o curso e estar apto para entrevistar o presidente da República ou partir rumo aos Estados Unidos para ser correspondente internacional. Talvez alguns desses jovens façam melhor trabalho do que muitos profissionais que estão por aí. Mas, de certa forma, é compreensível, sem deixar de ser preocupante, que um grande jornal prefira uma pessoa com experiência a um jovem que "só" tem o curso superior de jornalismo.

A minha recomendação para quem quer crescer na profissão é não parar. Escrever muito e sempre para não perder o estilo e a forma, e ler mais ainda para aprimorar a escrita e atualizar os "arquivos" mentais. Um jornalista mal informado é como uma costureira sem agulhas. Por mais que tenha talento e os melhores materiais, não consegue produzir nada. É importante saber se o Flamengo ou o Corinthians perdeu no final de semana, mas também não custa nada ficar sabendo porque o Brasil vai sair prejudicado com a crise mundial. Toda a informação é importante, é bagagem que nunca vamos deixar para trás.

O mercado de trabalho é outro dos problemas, já cheguei a ver muitos dos meus amigos e amigas desistirem do jornalismo por causa disso. Não vou negar que é um assunto sério, mas também não vou recomendar que fechem os cursos de jornalismo por uns 5 anos para dar vazão aos profissionais que estão aí. Assim como em outras áreas empresariais, é preciso investir em si próprio, fazer cursos, falar línguas, ter um "algo mais", fazer a diferença. Imagine se você fosse pintar a sua casa e aparecessem 20 pintores com as mesmas características. Qual deles chamaria? Qualquer pessoa responderia que contrataria o que tivesse melhores qualificações, afinal ninguém gostaria que um serviço simples ficasse mal feito. A situação nos órgãos de comunicação é parecida. Os patrões querem alguém com capacidades para manter o nível do jornal, televisão ou rádio e atrair novos consumidores daquele produto. Cabe ao jovem jornalista fazer com que não haja outra escolha para a vaga em questão senão ele próprio.

Não esqueça também os colegas e amigos da faculdade. Eles não são apenas para a diversão e as "baladas". Podem também ser a chave para uma oportunidade futura. Quando o curso acaba, cada um vai para o seu lado, mas não custa nada manter o contacto com alguns colegas. Muitas vezes eles sabem de coisas que nós ainda não sabemos. E, na vida, assim como no jornalismo, a informação é uma arma, quem a tem já parte com vantagem em relação aos outros.

E o mais importante de tudo é trabalhar com amor. Escrevo esse texto com um brilho nos olhos e espero que o leitor também se entusiasme com essas palavras.

Dica de Parem as máquinas.

terça-feira, novembro 18, 2003

Contrata��o de jornalistas

É uma boa notícia e vem publicada na edição de ontem do Público.

Intitulada “Governo prepara apoio à contratação de jornalistas pela imprensa regional”, a notícia refere que “O Governo está a ultimar um sistema de incentivos à contratação de jornalistas e outros profissionais pela imprensa regional que poderá levar a criação de centenas de postos de trabalho em jornais e rádios locais. Os salários dos profissionais a contratar serão parcialmente suportados pelo Estado durante três anos, diminuindo progressivamente o apoio entre o primeiro e o terceiro ano do programa”. Mais à frente pode-se ler que “O objectivo deste «período de transição» de três anos é apoiar a mudança do actual modelo «amador e proteccionista» da imprensa regional para um «modelo empresarial» em que a tendência deve ser a diminuição progressiva da presença do Estado”. Aliás, o secretário de Estado da Comunicação Social, Feliciano Barreiras Duarte afirmou que “a proposta do Governo é clara: uma nova entidade reguladora, que centralize competências dispersas por várias entidades, a começar pela Alta Autoridade para a Comunicação Social, pela Autoridade Nacional das Comunicações e pelo Instituto da Comunicação Social”.

O texto pode ser lido na íntegra, aqui.


Pode-se dizer que algo está a ser feito em prol de um tipo de jornalismo cada vez mais em expansão. Resta saber como é que essa proposta vai ser implementada e se será fiscalizada nas melhores condições. É que, os barões da imprensa nem estão à espera de algo semelhante para "se candidatarem" a esses fundos!!!
Aguardo outros comentários, como é óbvio.

sábado, novembro 15, 2003

Jornalistas portugueses no Iraque


O dia de ontem foi de angústia para o jornalismo português: Maria João Ruela levou um tiro no Iraque; Carlos Raleiras foi raptado no mesmo sítio.
Sejamos solidários.
Numa altura em que a TSF anuncia que Carlos Raleiras foi encontrado, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) considera que o Governo é o principal responsável pela falta de condições de segurança dos jornalistas portugueses no Iraque. Em comunicado, o SJ alerta ainda para a necessidade de as empresas garantirem aos jornalistas uma melhor preparação para este tipo de missões.
Reloura, um dos membros do grupo Jornalistas da Web, enviou o seguinte comentário, sob o título "fim do jornal impresso e da ditadura do lide?"

"Especialistas em veículos comunicacionais,intusiastas da internet e defensores do chamado "jornalismo literário" ou "new journalism" afirmam que se o jornal impresso, tal como conhecemos, não mudar radicalmente suas estruturas textuais em poucos anos estes só serão encontrados em museus. O motivo seriam as "novas tecnologias" mais rápidas, dinâmicas, interativas e, muitas vezes, gratuitas.
Com o modelo da pirâmede inversa, com lide, sublide, a ditadura da pauta , matérias cada dia mais curtas e descartáveis, fotos compradas de agências internacionas, ou seja todos os jornais publicam a mesma coisa, e com a "teoria da falta-de-tempo-e-saco-do-brasileiro-para-ler"o jornal impresso torna-se um meio de comunicação que tem noticiado tudo as que os outros veículos já noticiaram no dia anterior sem acrescentar ou se aprofundar muito em nada, ou seja, algo dispensável!
Uma das alternativas, por eles apontadas, para a sobrevivência deste importante meio seria a adoção de grandes reportagens, matérias investigativas mais detalhadas com uma narrativa mais literária do que propriamente jornalística, ou seja, sem lide e sublide com poucas "short-news" já que essas os outros meios já dão.
Defensores do lide afirmam que ninguém tem mais tempo e paciência para ler matérias grandes e se alguém quizer saber mais detalhes sobre um assunto noticiado durante a semana é só recorrer a uma revista semanal ( que por sinal adotam a mesma técnica de redação dos jornais diários com os mesmos lides e coisa e tal).
Então seria este mesmo o fim do jornal impresso, o veículo em que os consumidores mais confiam?O fim do hábito da leitura em bancos de praças e lotações? O final do grande jornalismo?Ou será que há realmente espaço, mercadologicamente falando,para as grandes reportagens?"

Por seu lado, Raphael Perret, considerou que "A maior parte do conteúdo das revistas é formada por reportagens, que têm uma estrutura técnica diferente da noticia tradicional, que usa o modelo da pirâmide invertida. As reportagens se aproximam muito mais do new journalism, já que contam histórias com um aprofundamento maior que o da notícia. O maior exemplo é a Veja, que tem uma redação perfeita (estou falando de forma, não de conteúdo :-), sem utilizar lide, sublide ou qualquer outra aracterística do modelo da pirâmide invertida. Até porque os textos são quase editorializados, impedindo que se utilize a objetividade do lide.
Quanto ao "fim do jornalismo impresso", não gosto de profecias, mas acho que mudanças deverão ser implantadas como as que ocorreram há algumas décadas, quando os jornais se viram ameaçados pela TV. Acho que isso acontecerá naturalmente e os jornais continuarão a existir, mesmo com rádio, TV, World Wide Web e tudo o que vier".

Aguardam-se outros comentários...

domingo, novembro 09, 2003

O destaque de hoje vai para o Diário de Notícias.
Na edição deste domingo, vem um dossier onde se publica a opinião que os portugueses têm sobre o jornalismo que é feito actualmente em Portugal, assim como o tratamento jornalístico que é dado a alguns casos.
Para além disso, ainda se pode ler uma entrevista com Joaquim Letria que considera que "As televisões são mais permeáveis à manipulação".

sexta-feira, novembro 07, 2003

Sondagem indica que maioria acredita nos jornalistas

Sondagem indica que maioria acredita nos jornalistas


Na sec��o de Media do P�blico de hoje, vem um artigo onde se pode ler o seguinte:
A grande maioria dos portugueses acredita na Comunica��o Social, mas considera que os jornalistas agiram mal ao divulgarem o conte�do de escutas telef�nicas a dirigentes do PS no �mbito do processo Casa Pia, revela uma sondagem da TNS Euroteste, ontem divulgada pela revista "Vis�o". Entre os inquiridos, 77 por cento acredita no que relata a Comunica��o Social e dez por cento declara n�o acreditar. Entre os que afirmam acreditar, dez por cento diz que cr� "totalmente", enquanto 67 por cento afirma acreditar apenas "em parte" nos �rg�os de comunica��o social. Oito por cento dos entrevistados n�o acredita "em parte" do que l� e v�, enquanto a mesma percentagem de inquiridos diz-se descrente da totalidade das informa��es divulgadas. Seis por cento escolheram a resposta "n�o acredita, nem deixa de acreditar" e um por cento n�o soube ou n�o quis responder. A maioria dos inquiridos do estudo - baseado em 600 entrevistas - discorda, contudo, da divulga��o pelos "media" das escutas telef�nicas feitas aos dirigentes do PS. Um grupo de 42 por cento acha que foi negativa a op��o de divulgar as escutas, contra 37 por cento que entende o contr�rio.

sexta-feira, outubro 31, 2003

Uma relação de amor e ódio, por Miriam Abreu


Os jornalistas têm uma vida pessoal precária, muitas vezes abdicam de relacionamentos, trabalham excessivamente e vivem em ambientes de trabalho competitivos. Estes profissionais são muito solicitados, muitas vezes humilhados e percebem que a vida está sendo consumida pelo trabalho. Para você jornalista, isso pode não ser nenhuma novidade, mas para outras pessoas sim. A análise faz parte de uma pesquisa, realizada pelo advogado e psicólogo Roberto Heloani, que entrevistou 44 jornalistas [brasileiros], com os quais aplicou testes e realizou discussões em grupos. São mais de mil páginas de transcrições de fitas.

Heloani decidiu pesquisar a vida do jornalista por este ser um formador de opinião. "Desta forma podemos aprender um pouco mais sobre eles, saber um pouco mais da vida deste profissional, que passa uma imagem glamourosa, vendida pela própria mídia", comenta o pesquisador.

Apesar de ter uma convivência freqüente com jornalistas – ele já realizou cursos na área – Heloani confessa que se surpreendeu com o resultado da pesquisa. A primeira surpresa, segundo ele, é com a péssima qualidade de vida do profissional de imprensa. "Eu já sabia que jornalistas trabalham muito, mas eles andam estressados, apesar de saber driblar o cansaço. Ele agüenta uma carga de trabalho pesada porque é um apaixonado pela profissão. Existe uma relação de amor e ódio pelo jornalismo".

Os jornalistas, segundo a pesquisa, abdicam de uma vida a dois pela profissão. Algumas mulheres, na faixa dos 25 anos aos 30, chegaram a dizer para Heloani que não têm tempo para namorar. "O estilo de vida do jornalista compromete esta relação".

Sem mencionar nomes, Heloani contou a história de um jornalista que goza de certo poder numa grande emissora de TV do país. "Este jornalista era casado com uma psicóloga. Muitas vezes eles não se viam, até que um dia foi demais. Quando ele chegou do trabalho, ela estava dormindo. A esposa acordou e não viu o marido, o que era comum. Mas quando ligou a TV, viu que o marido estava na Argentina, no meio de um tiroteio. Foi demais para a psicóloga, que pediu demissão. Hoje ele é casado com uma jornalista. Acho que pelo fato de terem a mesma profissão, a compreensão é maior".

Quanto à saúde, a pesquisa mostra que poucos cuidam dela. Os jornalistas se queixam que não têm tempo para procurar um médico. Heloani disse que, além de terem pouco tempo para se alimentar, os profissionais consomem excessivamente café e álcool, este para relaxar depois de um longo dia de trabalho. "Eles também reclamam da questão do sono. A maior parte dorme pouco, em horários irregulares devidos aos plantões. Aqueles que têm cargos de chefia ficam ansiosos porque existe a preocupação pela responsabilidade do produto". O pesquisador afirma que a insônia é um dos sintomas do estresse e pode acabar em depressão.

Quase todos os entrevistados disseram que o ambiente de trabalho é competitivo, enfatizaram a cobrança excessiva e também a precariedade das condições em muitas redações. Muitos deles também exercem várias funções ao mesmo tempo. "Hoje, o profissional de imprensa é multifuncional, polivalente. Devido ao próprio processo de informatização, o jornalista tem que ser tudo, tem que ser uma equipe".

A pesquisa também mostrou que o individualismo é uma característica marcante. Segundo Heloani, a profissão está sendo moldada à competitividade. "Para sobreviver na profissão, o jornalista acha que seu colega é o seu principal empecilho".

Para o jornalista, o sindicato da categoria é ineficaz. "É esta descrença e o questionamento sobre a forma coletiva que também faz do jornalista um ser individualista". De acordo com Heloani, a desconfiança e descrença nas entidades representativas constroem a fragilidade da profissão.

"O jornalista está seguindo um caminho extremamente perigoso. Acho que o processo de conscientização é lento. Se continuar assim, ele vai comprometer sua saúde física e mental", conclui.

Dica de Eduardo Henrique Furlan, do Grupo Defesa do Jornalismo.

quinta-feira, outubro 30, 2003

Blogues

Blogues, moda ef�mera ou meio de comunica��o de futuro?

Este � o tema do encontro informal de Blogues que ir� decorrer, hoje, 30 de Outubro, na Sociedade de Geografia de Lisboa.
Para mais informa��es, clicar aqui.

sexta-feira, outubro 24, 2003

Dando seguimento ao post do dia 7 de Outubro, acerca do comentário que foi enviado para o grupo Jornalistas da Web, intitulado "Weblog é só ferramenta", outras opiniões têm sido enviadas para o grupo.

Uma delas é de Jotaesse que, a determinada altura escreve que "...acho que esta polemica deriva do fato de que muitas vezes se usam palavras que substituem o "conteudo pelo continente". Por exemplo: usa-se "blog" no lugar de "blogging", ou seja, "blog" está para "jornal", assim como "blogging" (ou bloguismo...) estaria para "jornalismo"... e até "blogger" (ou blogueiro, ou bloguista...) poderia estar para "jornalista" (mas não para jornaleiro). É apenas uma comparação,tentando mostrar a importancia que se confere ao blogging, atualmente, pela expressão que ele tem, hoje, ao permitir a "qualquer um" veicular suavoz, seus pensamentos, suas idéias, sua forma de ver as coisas (suas, pessoais, ou gerais), via internet, num verdadeiro fenômeno de caráter social, pois é a primeira oportunidade que "qualquer um" está tendo para mostrar que existe, como ser humano, como cidadão, ou até mesmo como "simples" pessoa quando escreve seu diário pessoal, que considero uma forma válida de expressão cultural (e não uma bobagem...). tudo sem gastar quase nada e sem usar ferramentas de gestão de conteudo tecnologicamente mais avançadas e eficientes (se bem que nem sempre eficazes...), e, por isto mesmo (pelo custo...) inacessíveis pela grande maioria das PESSOAS.
Mas quem abordou com profundidade este tema, ainda em junho de 2002, foi o gurú Glenn "InstaPundit" Reynolds (law professor da University of Tennessee), ao escrever o artigo a que chamou de "FAQJ: Frequently asked questions by journalists", e que vale uma análise prá quem gosta de uma leitura e uma abordagem interessantes".

Nicolau Centola referiu que "...o problema do blog, na minha humilde opinião, não é a nomenclatura, mas está no fato de que, na maioria das vezes, é forçar a barra achar que blogging (para usar o termo correto) é jornalismo. NÃO É! Isso na esmagadora maioria dos casos. Pode vir a ser um dia? Sim, pode. Mas ainda não é. E acho que todos concordam com isso. Com raríssimas exceções, a grande maioria está mesmo interessada em contar o que viu na TV, comeu ontem, fez de manhã etc etc etc.
Espero sinceramente que o blog (para usar o termo certo) venha a ser um dia um veículo tão importante quanto um jornal. Seria uma ferramenta maravilhosa para tornar a Internet novamente um veículo anárquico (na concepção correta do termo). Mas estamos longe disso, vocês não acham? O que não dá é a gente dizer que é uma coisa que a gente gostaria que fosse mas ainda não é.
Os blogs (e o blogging) hoje têm alguns problemas graves:
- a grande maioria do conteúdo é lixo
- poucas são as iniciativas consistentes no campo do jornalismo
- os recursos para criação, manutenção e melhoria dos blogs ainda são incipientes, e se luta com diversas limitações
- a arquitetura é falha e os grandes hospedeiros ainda lutam contra erros, saídas do ar etc
Quando tudo isso for resolvido, e quando começar a ser usado com o poder que a ferramenta tem, o blogging PODE se tornar uma nova mídia. Por hora, estamos ansiosos no aguardo"

Por seu lado, Fernando, respondendo a Nicolau Centola esclarece que "...no caso dos primeiros dois defeitos que você citou em relação aos blogs, eles podem ser aplicados a inúmeros jornais que andam por aí. Concordo com você que a coisa ainda
é incipiente e, na maioria dos casos, terá pouco a ver com jornalismo. Mas é preciso considerar que:
- os blogs podem servir de fonte para algumas matérias. Por exemplo, se você quer saber como as pessoas consomem a cultura pop, poderá fazer uma parte da matéria consultando posts e comentários em blogs mais dirigidos a esse tema.
- Os blogs relacionados ao jornalismo indicam oportuniades de inúmeros estudos na área, que vão da interatividade à recepção ativa das informações".

Um post que não foi assinado refere que "...A discussão sobre blog e jornais, ou, blogging e jornalismo passa por uma questão muito mais profunda: o que é jornalismo e o que está sendo praticado hoje? A notícia jornalística apresenta algumas características em sua essência como ineditismo, interesse geral, utilidade pública etc. Será que jornais impressos, revistas, telejornais e radiojornais atendem esse requisito quando produzem sua pauta e conteúdo?
O debate pode descer a uma profundida muito maior e derivar para a discussão sobre jornalismo, entretenimento, publicidade etc. Os blogs e o fenômeno
blogging parecem ser apenas um reflexo dessa mudança: a transformação do que podemos chamar de jornalismo tradicional (ou puro) - sem entrar no mérito da nomenclatura - para um jornalismo de entretenimento, aliando técnicas jornalísticas com ferramentas persuasivas da publicidade".

Já a opinião de Artur Araújo é a seguinte: "Não podemos perder de vista que blog é um formato, um suporte. O que vale é o que está dentro do formato... A "salvação" do jornalismo virá dos jornalistas.
Se fetichizarmos o blog, vamos começar a pensar como os barões da imprensa que, quando pensam em melhorar seus jornais, pensam em comprar máquinas novas ou mudar o visual de apresentação.
Bom jornalismo se faz com bons jornalistas... é tautológico, eu sei, mas o que quero dizer com isso é evitar ver um "brinquedinho" como a redenção do
mundo.
O Inter.Mezzo é bom não porque é um blog, mas porque tem gente qualificada produzindo-o. Por um acaso, essa excelente equipe produz em uma página no
formato de blog. Só isso. Se o Inter.Mezzo fosse um programa de tv, continuaria muito bom, se fosse um tablóide, também... Não vamos fazer o blog virar uma "buzz word", uma palavra mágica".

Alexandre Carvalho do Língua de Trapo faz as perguntas e dá as suas respostas. "E por que ainda há muito ceticismo em relação aos blogs aqui?
Na minha opinião, porque são poucos os bons exemplos. E quando encontramos algo que valha a pena, tem pouca audiência, raramente algum comentário. Agora pegue um blog que só tenha bobagens. Acontece justamente o contrário. Ou seja, aqui, muitas pessoas que têm acesso à Internet até já conhecem o conceito de blog, mas o consideram como mais uma forma de entretenimento e nada mais.
Pois é, aqui no Brasil contam-se nos dedos as iniciativas de se aliar blogs ao verdadeiro jornalismo. Enquanto em Portugal já há até congressos sobre blogs (...)
A própria Elisabete Barbosa, do Jornalismo Digital, nos dá vários exemplos de como esse conceito tem se desenvolvido por lá.
Considero os blogs ferramentas com muito potencial na área de comunicação, que merece estudo e análise. Se há muita baboseira por aí, há também espaços que merecem respeito e atenção. Mas será que os poucos exemplos que temos aqui no Brasil são suficientes para que se consiga ter um estudo sério e consistente sobre o assunto. Eu acho que ainda estamos muito longe de um padrão que justifique um estudo desse tipo. Se pegarmos os exemplos lá fora, aí justifica-se totalmente essa análise".


Uma conclusão eu posso tirar. Aqui em Portugal, pelos vistos, a blogomania é mais intensa do que no Brasil. Cá como lá, eles servem para tudo.
No entanto, ainda não fiquei esclarecido em relação à "ligação" entre os blogs e o jornalismo, assim como, qual dos dois é que vai prevalecer.
Aceitam-se comentários...

quarta-feira, outubro 22, 2003

Continuam a aparecer alguns comentários no Fórum que eu criei.

O mais recente é o da Rute Barbedo que escreveu o seguinte:

"Fim do jornalismo? Que absurdo! Tal como a saúde, a educação, os valores, os problemas e a resolução deles, o jornalismo nunca irá acabar. É simplesmente uma condição inerente à humanidade, pois já ninguém vive sem informação, sem ter que pensar ou mesmo inventar! A tecnologia apenas trará uma nova faceta ao jornalismo, adaptando-o ao resto das "ciências", de acordo com a evolução humana. Decadência? Sim, claro... Mas haverá algo que não passe por isso?"

Aguardam-se novos comentários; lá, ou aqui, tanto faz.

quarta-feira, outubro 15, 2003

Portal Imprensa

No Portal da Imprensa, foi criado um fórum subordinado ao tema "Até onde deve ir a liberdade de imprensa? Devem existir limites à informação?"

Curiosas e interessantes são, no mínimo, algumas das opiniões que lá existem.

terça-feira, outubro 14, 2003

Na edição de hoje do Portugal Diário, destaque para dois artigos, ambos interessantes e ambos da autoria do jornalista Miguel Marujo e que passo a reproduzir.


"Reutilização do trabalho de profissionais da informação carece de autorização prévia"


Jornalistas também são autores


A demissão de dois ministros do Governo e as convulsões na Justiça portuguesa têm trazido também para primeiro plano a comunicação social. Entre "exclusivos" e "investigações" em primeira mão assiste-se a notícias e reportagens repetidas ou imitadas em diferentes órgãos de comunicação social.
Como pano de fundo: os direitos de autor destes profissionais, as condições precárias em que laboram e a concentração em poucas empresas do sector. Por estes dias, o Sindicato de Jornalistas (SJ) apresentou publicamente as suas preocupações sobre o processo de fusão das empresas do grupo da PT/Lusomundo - que inclui as editoras do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, 24 Horas, Tal & Qual e Grande Reportagem, entre outros títulos -, salientando que este "não pode afectar os direitos dos jornalistas, como o vínculo contratual, a antiguidade e a autonomia técnica da profissão".
Por outro lado, em Agosto de 2002, o núcleo sindical de jornalistas "online" do SJ elegia - entre vários aspectos sobre a credibilidade dos "media" electrónicos - a necessidade de reflectir sobre cláusulas de consciência para os jornalistas, o uso indiscriminado de artigos em diversas publicações da mesma empresa e os atropelos aos direitos laborais e de autor. Para o SJ, "qualquer reutilização do trabalho dos profissionais de Informação carece sempre de autorização prévia, caso a caso".
Isto vale para peças preparadas para um órgão que depois aparece "reproduzida" num outro título da mesma empresa. E quando essa "reutilização" é abusivamente feita por profissionais de outros jornais e sem qualquer citação dos trabalhos originais, como por vezes se acusam mutuamente títulos e jornalistas [ver texto "Jornais agressivos "pisam" ética"]?
Para Oscar Mascarenhas, presidente do Conselho Deontológico do SJ, esta atitude é "eticamente inqualificável". "Agora, nunca se atribui a investigação a outro órgão", sobretudo se é um concorrente "directo", diz. E exemplifica com outro caso, em que uma jovem estagiária, perante o reparo da fonte original não identificada, disse ser prática do seu grupo: "Uma vez publicada já se pode publicar sem citar". Não pode, argumenta Mascarenhas.
Para o editor-executivo do Tal & Qual, Luís Nunes, "alguns jornais a citarem-se mutuamente é impossível. O público-alvo de um 24 Horas e de um Correio da Manhã é o mesmo. E, nesse caso, seria admitir que o outro jornal tem boas histórias. Entre os semanários é a mesma coisa", diz. "Eticamente devia-se dizer". Ao órgão sindical chegam poucas queixas, esclarece o dirigente sindical: jornais, rádios e estações de televisão preferem fazer "queixa ou referência" dos eventuais plágios no seu próprio órgão de informação, atacando os que cometeram o abuso. O director do MaisFutebol, Luís Sobral, explica: "Não há tempo para a queixa formal. É tudo tão rápido" nos dias de hoje, que "nem vale a pena". Sobral, que duvida da regulação externa, insiste na tecla do respeito - "que não se ensina e que, infelizmente, muita gente não tem". A editora de Política do Público, Ana Sá Lopes, diz que não vale a pena queixar-se ao Conselho Deontológico do SJ, nem à Alta Autoridade para a Comunicação Social. "São ficções", acusa. "E que se desculpam por não haver queixas".
Outro aspecto, sublinhado por Oscar Mascarenhas, é a precariedade laboral em muitas redacções, que facilitam as pressões de administradores ou superiores editoriais junto de estagiários ou outros profissionais de informação. A solução, em casos destes, passa por "punir o orientador do estágio" ou "o administrador" que intervenha em competências editoriais - como o do director, também presidente de um clube de futebol de uma cidade, que impôs nas suas rádios locais um texto por si escrito a denegrir a oposição na sua agremiação desportiva.
Mas não são razões de precariedade que explicam estes casos, defende Ana Sá Lopes: "Tem a ver com seriedade e é tão possível acontecer com estagiários, como com os outros".




"Mercado cada vez mais agressivo" ajuda ao atropelo de regras. "Tendência é para piorar"


Jornais agressivos "pisam" ética


Um "mercado cada vez mais agressivo" na comunicação social tem ajudado ao atropelo diário das regras do jogo. O lamento é geral, constatou o PortugalDiário, depois de ouvidos editores de diferentes jornais. "E a tendência é para piorar", antecipa Luís Nunes, editor-executivo do Tal & Qual.
Os casos sucedem-se: há dias, quando da notícia do favorecimento de um ministro à filha de outro ministro, a SIC e a TVI apresentavam uma investigação "exclusiva". Que era a mesma, só que com dados diferentes e complementares. Na sexta-feira passada, O Jogo mostrou em "exclusivo" as fotografias de uma brincadeira de jogadores do Benfica, que vinham publicadas na generalidade da imprensa.
Também na sexta-feira, O Independente publicou uma fotografia do procurador João Guerra, responsável da investigação à Casa Pia, que o 24 Horas diz ser sua. Pedro Tadeu, director deste diário, relatou ao PortugalDiário que o semanário lhes solicitou a fotografia e que - perante a recusa do fotógrafo e do jornal na sua cedência - digitalizaram a imagem e manipularam-na, sem qualquer referência à fonte.
E quando são notícias?, quis saber o PortugalDiário. Aqui as leituras divergem: "Todo o trabalho alheio devia ser citado", defende Ana Sá Lopes, editora de Política do Público; "esse comportamento é pouco digno, mas toda a notícia tem um prazo - que, no caso de um diário é de 24 horas -, a partir daí é do domínio público", argumenta Pedro Tadeu. E exemplifica: "O Diário de Notícias, por absurdo, dá um notícia, só deles. Já assegurou o seu exclusivo por 24 horas, o que é fantástico. Os outros jornais, no dia seguinte, não podem ignorar a notícia, tentam-na trabalhar o melhor possível, conseguir novos ângulos" - e publicá-la.
A internet ainda é uma boa fonte de ideias e notícias para a comunicação social "tradicional", diz Luís Sobral, director do jornal desportivo on-line MaisFutebol. O custo dos cartazes de Santana Lopes e o IVA cobrado pelos telefonemas de solidariedade com as vítimas dos incêndios fizeram manchete no PortugalDiário, para - menos de 24 horas depois - estarem noutros diários. Sem citação. "Há quem ache que é uma fonte de informação menor, que não é!", diz Sobral. E tenta explicar: "Quando vão à "net", as pessoas sentem-se à vontade para pegar numa história, por entenderem que não chegou a toda a gente".
A prática do Público é "atribuir a quem deu" uma informação, explica Ana Sá Lopes. Luís Sobral concorda: "O Público é o jornal que está mais próximo daquilo que devia ser a prática dos outros. É um bom modelo". Mas, para a editora daquele diário, "há coisas que causam dúvidas". E acrescenta um dado à discussão - sobre a informação internacional: "Tenho muitas vezes dúvidas sobre os textos irem assinados", diz, lembrando que essa é a prática no seu jornal.
O director do MaisFutebol relata casos em que "notícias internacionais, recolhidas noutras fontes e que são indicadas", aparecem depois "descobertas" por outros. É a lei do menor esforço, argumenta Luís Sobral. "Poupa-se dinheiro nas redacções e aproveita-se o trabalho alheio".
"Picar" uma notícia "mostra falta de criatividade", sublinha Luís Nunes. "Há coisas que são uma tremenda falta de ética", "lê" o editor-executivo do Tal & Qual. Mas reconhece ter dúvidas nalguns aspectos: o seu semanário desenvolve muitas notícias publicadas durante a semana - e "não citamos a origem, mas se calhar devíamos fazê-lo".
Também Pedro Tadeu defende que se deve "caminhar para evitar fontes anónimas". O que inclui sites: "Se a fonte é um site, para credibilizar a informação temos de dizer qual é a fonte", defende o director do 24 Horas. Luís Sobral não pode estar mais de acordo: "Numa altura em que o conteúdo tende a massificar-se, é importante que não seja "sugado" dez minutos depois de estar feito". Afinal, lembra, "toda a gente se inspira em toda a gente, é impossível inventar algo todos os dias, mas a única possibilidade é haver respeito".


E, no meio de tantas falcatruas, trocas e baldrocas, os patrões lá vão enfiando os cobres no bolso. Como se ninguém soubesse que tudo isto acontece a torto e a direito em todas as redacções do país. Afinal, o que interessa é chegar primeiro; os meios que se utilizaram para lá chegar, não interessam para nada.
E este é que é, infelizmente, o jornalismo que se pratica neste rectângulo à beira mar plantado.
Aguardam-se, contudo, outros pontos de vista.

segunda-feira, outubro 13, 2003

O tema é inevitável... cada vez mais, "Blogging" e Jornalismo, são conceitos que se aproximam.

Com o título "Bloggers: Journalists of Tomorrow?", Liz Burdick, 'Staff Writer' da newsletter do "Online Journalism - the news Weblog of the USC Annenberg Online Journalism Review" regista, nos seguintes termos, um artigo publicado no "Chicago Tribune":

"Bloggers are being recognized for their talent and are now being recruited by magazines and newspapers. Those who have hired bloggers say that while actual journalism knowledge and training is important, it isn't always necessary. Instead, what employers like about some bloggers is their capability to write pieces that are intriguing, humorous and that attract readers. Many think that while the recent trend of bloggers being picked up by major publications is interesting, it is nothing that serious journalists should feel threatened by".

Este artigo do "Chicago Tribune" foi escrito por Maureen Ryan e tem por título "An unlikely new source of writing talent:Blogs" e pode ser lido aqui, sendo que, para ter acesso, tem que ser feito um registo, gratuito, no site do "Chicago Tribune".


Dica de Jotaesse, Editor do guia do blog

quarta-feira, outubro 08, 2003

Sai amanhã para as bancas, o número de Outubro do Le Monde Diplomatique.

No seu editorial, intitulado, "O quinto poder", Ignacio Ramonet analisa o poder dos media dominantes nas sociedades actuais e sublinha a necessidade da criação de um “quinto poder que nos permita opor uma força cívia cidadã à nova coligação dos dominantes (...), cuja função consistirá em denunciar o superpoder dos media, dos grandes grupos mediáticos, cúmplices e difusores da globalização liberal”.

terça-feira, outubro 07, 2003

Tendo por assunto, "Weblog é só ferramenta", Roitberg (pelo menos, é assim que o texto está assinado), enviou o seguinte comentário para o grupo Jornalistas da Web.

Não entendo a quantidade de gente dedicada a especificar se blog é jornalismo ou não, se é cultura ou não. Se é um relato de um fato, é jornalismo. Se é criação intelectual pessoal ou comunitária, é cultura. Se é apenas um diário pessoal, é apenas um diário pessoal.

No mais, blogs e fotologs são apenas ferramentas ruins para publicação de material na Web para quem não se importa mais, não quer ou não pretende usar um programa mais adequado para gerenciar contéudo. Como tais programas são carísssimos, os sistemas em PHP ou ASP que gerenciam os blogs colocam a qualquer um a facilidade de manutenir (nossa, há quanto tempo não uso essa palavra - Monteiro Lobato deve setar sorrindo) seu conteúdo de graça ou
quase de graça.

A maioria absoluta dos blogs (não pesquisei à respeito) parece ser exatamente daquela turma que fazia seus site pessoais cheios de "coisas que eu mais gosto", "meus links preferidos", "o que aconteceu comigo hoje". Os bons blogs, ficam misturados no mar de bobagens.


Aguardam-se comentários. Entretanto, para subscrever este grupo, pode clicar aqui.

terça-feira, setembro 30, 2003

Pesquisa revela a confiança no jornalista


De acordo com a 2ª edição da Pesquisa Marcas de Confiança (Trusted Brands) 2003, da Revista Seleções, a profissão de jornalista está em 9º lugar entre aquelas de maior confiança dos entrevistados. O estudo indica a confiança que estes entrevistados depositam em categorias de produtos e serviços que adquirem, e nas profissões, instituições e políticas governamentais - a profissão Jornalista foi incluída na pesquisa este ano. A profissão de Bombeiros é considerada a de maior confiança.

Na categoria Instituições/Organizações, os Jornais ficaram em segundo lugar, com 64% dos votos, a Rádio com 61%, Revistas com 58% e Televisão com 46%. Os Correios ficaram em primeiro lugar.

A pesquisa, criada pela Revista Seleções, funciona como uma espécie de termómetro do comportamento do consumidor em relação à confiança que deposita em 48 categorias de produtos e serviços, além de profissionais. No Brasil, ela é desenvolvida com o apoio do Instituto Ipson-Marplan. Os vencedores podem usar o selo internacional "Marca de Confiança" em anúncios, embalagens, acções de marketing e de relações públicas.

Numa festa de premiação, que será realizada no MASP, em São Paulo, nesta terça-feira (30/09), a partir das 19h30, serão entregues troféus simbólicos aos vencedores das 48 categorias, além de três especiais: Profissão, Políticas de Governo e Instituições e Organizações. Para representar as categorias, são convidadas instituições representativas das profissões, organizações etc.

Conheça o resultado completo nas duas categorias:

Instituições/Organizações:

1) Correios 87%
2) Jornais 64%
3) Rádio 61%

4) Casamento 60%
5) Revistas 58%
6) Igreja 57%
7) Forças Armadas 55%
8) Televisão 46%
9) Sindicatos 45%
10) Empresas Multinacionais 38%
11) Governo 23%
12) Transporte Público 21%

Profissões:

1) Bombeiros 96%
2) Pilotos de Avião 89%
3) Dentistas 78%
4) Professores 77%
5) Médicos 75%
6) Engenheiros 67%
7) Enfermeiros 66%
8) Farmacêuticos 52%
9) Jornalistas 51%
10) Psicólogos 50%
11) Motoristas de táxi 37%
12) Policiais 18%
13) Advogados 12%
14) Agentes imobiliários 11%
15) Políticos 1%

Dica enviada por Eduardo Henrique Furlan através do grupo Defesa do Jornalismo.

Aceitam-se comentários...

domingo, setembro 21, 2003

O Muito mentiroso tem dado muito que falar... Será esta uma das formas de fazer jornalismo?
Agora, após os comentarios de Pacheco Pereira no Jornal da Noite da SIC de hoje, constato que o responsável pelo site decidiu "apagar" tudo o que lá tinha escrito. Será que, o facto de Pacheco Pereira ter mencionado que a polícia tinha meios para o detectar, foi um dos motivos que levou a essa tomada de decisão???

quinta-feira, setembro 11, 2003

Sindicato Jornalistas

SJ requer intervenção
do Parlamento e do Governo


O Sindicato dos Jornalistas entregou à Assembleia da República e ao Governo um documento denominado "Por uma agenda dos poderes públicos para os média" e apela à sua intervenção no sector, que considera viver "um momento realmente dramático".
O documento, entregue no passado dia 5, contém uma análise da situação e apresenta propostas para ultrapassar a crise. O sindicato entregou, também, um documento sobre “A situação nas empresas jornalísticas em 31 de Agosto de 2003”, que actualiza um outro documento divulgado em 15 de Julho e dá conta da situação enfrentada pelos jornalistas em 21 das principais redacções, ou empresas, do País.
Neste último link do SJ é possível consultar a situação nas 21 redacções «abrangidas» pelo referido documento.

Também na edição de hoje do Público, vem um artigo intitulado Sindicato diz que Governo vai atacar problemas dos "Media".

O único problema nestas coisas é que, o que se conta está muito aquém do que passa na realidade. E mais não digo. Quem quiser, que diga o resto...

quarta-feira, setembro 10, 2003

Regressado de férias, deixo aqui mais alguns comentários colocados nos dois Fóruns que eu criei: Fim do Jornalismo? e Fim do Diploma = Fim do Jornalismo???

"Parece-me que diploma e jornalismo sobrevivem bem um sem o outro. Em Portugal, os cursos de comunicação social nasceram nos anos 80. E é óbvio que já antes havia grandes jornalistas que aprenderam na prática, na escola das redacções. Além disto, não me parece que os cursos tenham contribuído para um aumento da qualidade do jornalismo que se pratica. A crise actual é de valores, é de ética, é de deontologia, é de respeito... Coisas que só muito ao de leve se abordam nas nossas universidades. Se calhar até já nem se abordam em sítio nenhum. Falo por mim. Se soubesse o que sei hoje, não teria tirado comunicação social. Teria tirado... História. E claro que podia ser jornalista à mesma, e provavelmente, com uma bagagem cultural bem mais interessante. Ainda hoje, muitos dos nossos grandes jornalistas não o são por formação. São médicos, advogados, economistas.. E nem por isso fazem mau jornalismo. A grande lição da actualidade é o excessivo respeito pelo poder económico que controla tudo e exerce censura sobre os jornalistas receosos de perder o posto de trabalho. A questão Joel, não é se a internet ou os cursos vão pôr fim ao jornalismo tal como o conhecemos. A questão é, será que alguma vez os jornalistas serão livres para exercer a sua profissão? É essa falta de liberdade que me faz duvidar da real existência do jornalismo e me faz pensar se não andaremos todos a enganar os outros e a nós próprios... A internet não é nenhum papão. É só o futuro!"

"Não, na verdade a internet veio realmente para axiliar e ajudar os profissionais da area de jornalismo além de criar um campo difernte e agil em seu trabalho trazendo o mundo cada dia mais perto que éw o que o jornalista precisa para ser atual e atualizar seu espectadores."

"Você acha que uma pessoa, só por que sabe receitar remédios é um médico? Com o jornalismo é a mesma coisa, não adianta só saber escrever, tem que nascer jornalista, apurar o faro... é pra isso que serve a faculdade, o diploma é só consequência..."

Aguardo, como sempre, mais comentários...

quinta-feira, agosto 14, 2003

A partir de hoje e, até ao próximo dia 8 de Setembro, vou estar de férias. Assim, não virei aqui actualizar o blog.
Boas férias para quem está de férias e, bom trabalho para quem está a trabalhar...

quarta-feira, agosto 13, 2003

Oito razões (de entre muitas outras) para que exista curso de Jornalismo


Neste momento, não são os extremos que se tocam; são as distâncias, em termos de tempo, que se anulam.
Chamado por vocês para ser seu paraninfo, aqui está um jornalista com mais de cinquenta anos de profissão, porém que se sente como se também pertencesse a essa mesma turma. Eis que felizmente conserva, sob os cabelos que embranqueceram, a juventude de espírito, tanto quanto o resistente idealismo com que deu os primeiros passos na carreira.
Compreendo-os, pois. E posso falar-lhes, muito embora no meu próprio estilo, na sua linguagem, ou seja, a linguagem que expressa seus receios e expectativas.

Sabem os que têm acompanhado o curso de minhas opiniões, neste ponto, que não se trata de uma atitude nova ou circunstancial.
Quando, substituindo a Ranulfo Oliveira, aceitei a tarefa de lecionar, gratuitamente, no primeiro Curso de Jornalismo criado nesta Universidade, em 1949, e quando, anos mais tarde, tendo desaparecido aquele curso, que morreu por inanição, dispus-me a organizar, a convite do reitor Albérico Fraga, e também sem qualquer retribuição pecuniária, o segundo e atual curso, nascido e, 1962- não o fiz senão por está plenamente convencido da necessidade, ou, por ser mais enfático, da imprescindibilidade de fornecer-se ao candidato ao jornalismo, preparo sistemático capaz de aparelhá-lo para o seguro ingresso na profissão, e, no exercício desta, de conhecer suas diferentes áreas.


Razões da existência do curso

Resumirei em alguns itens, que me parecem irrecusáveis, a conveniência dos cursos de jornalismo. Primeiro: a opção vocacional.
Explico:
O indivíduo que escolhe uma profissão está exercendo com isso um ato de vontade, a ser mantido, na generalidade dos casos, para o resto da vida.
Ao se definir, entre as diversas, por uma determinada carreira, esta decisão é tomada pela pessoa porque identifica o tipo de trabalho com suas inclinações pessoais, ou com os predicados que está certa de possuir.
Para o jovem que pretende assumir uma ocupação definida, a eleição de um determinado setor de atividade envolve, em si mesma, a disposição de preparar-se, desde o começo, para exercê-la. E assim ele parte para ser, através do estudo e da prática, um verdadeiro profissional.
No caso do jornalismo, quando, afinal, esteja habilitado ao seu desempenho, poderá sentir o extremo conforto da vocação atendida, sendo que, ao mesmo tempo, esse campo da comunicação terá ganhado alguém que a ele comparece com o genuíno entusiasmo.
Bem diversa é a condição daquele que ingressa de improviso num tipo de trabalho alheio ao seu plano de vida.
Ao tempo da minha iniciação, a porta do jornalismo estava aberta a quem quer que desejasse praticá-lo, ou que para seu exercício fosse convidado. Bastava redigir sofrível ou razoavelmente. Estando ao alcance de qualquer um, o status de jornalista significa, para alguns, um degrau para ascensão na vida, pelo prestígio que conferia, enquanto que para outros o trabalho na imprensa representava um "bico", ou seja, a remuneração de uma atividade suplementar, a somar-se, como pequena parcela, aos modestos proventos oriundos de outras profissões.
A obtenção do emprego publico era, necessariamente, o objetivo normal do jornalista , e sua compensação. Sem remuneração bastante para manutenção da família, e sem Ter sido aquela espécie de trabalho seu propósito original, não podia ser, salvo exceções, um profissional dedicado integralmente ao seu mister; que a ele se desse de corpo e alma.
Com isso não quero dizer que no passado a imprensa haja deixado de atrair pessoas dotadas de real vocação para a comunicação escrita, ou que muitos jornalistas não se distinguiram pela devoção ao trabalho, e pelo ânimo com que executavam suas tarefas. Foram assim não poucos dos meus contemporâneos , em épocas já distantes. A eles devo esta palavra de justiça. Além, disso, a culpa por aquele estado de coisas não era, propriamente, dos jornais; era do sistema, dos costumes então vigentes, anteriores à profissionalização formal do jornalista.

O curso seleciona

A Segunda razão de ser dos cursos de Jornalismo deriva da anterior e é de interesse imediato dos órgão de imprensa.
Trata-se da seleção que se opera no decorrer do curso, no sentido de identificar o melhor material humano a ser recrutado pelos jornais.
Efetivamente, a existência dos cursos dispensa os órgãos de imprensa do difícil e em alguns casos desapontador encargo de procurar elementos supostamente aproveitáveis para o preenchimento da claros no quadro redacional.
Hoje eles podem achar facilmente esses elementos entre as turmas graduadas periodicamente pelo curso. As referências de professores ou de recém-formados ajudam-nos a encontrar os jovens mais futurosos de cada turma que vai deixando a escola.

O amplo preparo profissional

Terceira razão em favor do Curso de jornalismo: o preparo profissional.
No curso de jornalismo, o futuro profissional deve adquirir, de forma sistemática, conhecimentos setoriais pertinentes aos diversos serviços que se executam num jornal, o que lhe permite, ao termo do próprio acadêmico, a compreensão geral da estrutura e da dinâmica do veículo informativo.
É missão do curso familiarizar o aluno com cada qual dos serviços, até mesmo aqueles que, amanhã, venham a estar fora da sua competência, como os de natureza técnica ou administrativa; porém, mais que familiarizá-lo com o trabalho de redação, dar-lhe aptidão para exercer qualquer das funções próprias do jornalista, ainda quando não sejam as exigem esforço intelectual, por se tratar de tarefas auxiliares.
Dir-se-á que nossos cursos de Jornalismo são deficientes. Que os currículos adotados pecam ou pela falta de disciplinas necessárias ou pelo enxerto de outras que pouco têm a ver. Que não possuem instalações e equipamentos apropriados. Que o ensino é sobretudo teórico e desestimulante. Que é mínima a parte prática do aprendizado.
Tudo isso é total ou parcialmente verdadeiro. Porém, ainda que reconhecidamente deficientes, em todo o país, de qualquer modo proporcionam aos seus alunos uma soma de informações e experiências incomparavelmente mais ampla que a adquirida pelos jornalistas autodidatas, mesmo depois de longo tempo de profissão.
A distinção entre os vários gêneros de matéria redacional e as peculiaridades de cada um deles. A maneira objetiva e diversificada de preparar a notícia. As modalidades de entrevista. De como redigir o comentário do fato extraído do cotidiano, ou produzir o artigo editorial fundamentado e opinativo. A busca da síntese e do impacto na arte da titulação. A escolha da boa ilustração gráfica. A editoração; como funciona. Diagramação; não só o simples cálculo da extensão do texto, mas a forma sugestiva de aramar a página. Arquivologia; vale dizer, a armazenagem de subsídios para o aprofundamento da notícia ou o respaldo da interpretação do fato.
Todas essas coisas, afora muitas outras, o candidato ao Jornalismo há de aprender na escola incumbida de prepará-lo.
Antigamente, o jornalista que entrava a trabalhar numa redação sem formação prévia, tinha necessariamente de ficar emparedado nas fronteiras até onde chegasse a prática do ofício. E isso ainda acontece com vários dos veteranos na profissão. Presentes na redação a 20 ou 30 anos, desempenham bem, ou sempre melhor, as tarefas originais, porém ignoram quase tudo quanto esteja além do seu campo de visão, já que sua única escola foi e continua sendo a rotina diária.
Se os cursos de jornalismo são falhos , o certo não é condená-los, ou postular sua extinção; sim, exigir que sejam colocados à altura de sua importante função, pois hoje deles, exclusivamente deles, depende o suprimento de mão-de-obra à imprensa. E esta é uma exigência que se agrava em razão do crescente emprego dos meios eletrônicos no trabalho jornalístico, demandando profissionais que, além de possuírem autonomia de texto, se apresentem treinados no uso da aparelhagem criada pela informática.
Trata-se de um desafio para cujo enfrentamento a imprensa tem de pressionar as universidades.

Onde se aprende ética

Quarta razão para que exista o Curso de jornalismo: a conscientização da ética da imprensa. E eis por quê:
A parte mais alta da comunicação é a sua ética. Comunicação desamparada de princípios morais passa a ser algo como uma agressão aos sentimentos da comunidade, na medida em que se torna um agente de corrução de costumes, e de inversão de valores.
O paladar de uma comunicação dessa natureza não distingue, por exemplo, entre o crime e a ação útil, senão para alardear aquele, em busca da ressonância no seio da massa. A comunicação corretamente orientada, pelo contrário, se não subtrai o registro do crime, do fato negativo, já que seu dever é informar, todavia lhe retira o destaque gritante, privilegiando, em termos de espaço e de tempo, as notícias de real interesse público. E ela, a comunicação honesta, assim procede porque procura agir dentro da ética. Análogo será no seu comportamento perante inumeráveis situações outras. Porque a ética não alcança apenas o tratamento do fato que tem de ser levado ao conhecimento do público; envolve, também, as relações entre os veículos que trabalham na mesma área, bem como entre os comunicadores, uns para com os outros.
Para todas essas finalidades é que as entidades que reúnem os homens de comunicação elaboram códigos, em que são capituladas as regras de conduta recomendadas a cada classe. Nos cursos de Comunicação, os de Jornalismo inclusive, o estudo de tais códigos, e de sua razão de ser, ao lado de exemplos práticos, constituem disciplina obrigatória. O que significa que, ao terminar esse estudo, o futuro jornalista passa a saber como se comportar para estar à altura da função social da comunicação.
O jornalista de outros tempos tinha também a sua ética, é certo. Mas. Era a sua ética. Instituía, ele próprio os seus parâmetros morais, conforme a sensibilidade que possuísse para diferenciar o que fosse bom ou mau no fato a comunicar.
Aqueles mais interessados no sentido da profissão conheciam, ao menos pelo alto, os códigos organizados pela sociedade de imprensa. Havia, porém, os que não tinham qualquer noção de ética, nem tampouco pouco se preocupavam com sua aplicação. A falta de preparo para profissão levava-os a desprezar essa e muitas outras coisas.

Conhecer a lei

Quinta razão: o estudo do direito de imprensa.
Os limites da liberdade de expressão, isto é, o respeito ao direito que cabe a qualquer pessoa de Ter preservado o seu conceito contra a difamação, a injúria e a calúnia. A definição de cada um desses crimes. O respeito à privacidade do indivíduo que se torna um assunto potencial de notícia. O exame imediato da legislação de imprensa. A extensão comparativa desse exame à legislação estrangeira similar. O direito de acesso às fontes de informação e os casos em que a proteção delas justifica o sigilo. Pressupostos e garantias da liberdade de imprensa. A significação dessa forma de liberdade no contexto do sistema democrático.
E aí está, no rol de muitos outros, alguns assuntos constantes do direito de imprensa, que, pela peculiaridade de suas normas e leis, da sua doutrina e jurisprudência, deve constituir, hoje, um ramo independente no painel dos compartimentos do direito público.
O lugar próprio do ensino do direito de imprensa é o curso de jornalismo. E é de lastimar que esse ensino não existisse no passado, porquanto viria esclarecer sobre muitas questões os jornalistas que não praticavam a profissão, ou que nela continuam, estes persistindo na ignorância dos alicerces e fronteiras legais do seu campo de trabalho.

Necessidade da formação universitária

É a sexta razão. Há de interessar à sociedade que o profissional da imprensa, como da comunicação em geral, possua um embasamento cultural capaz de permitir-lhe a transmissão correta da notícia ou da opinião. Não lhe basta escrever certo e fluentemente. Precisa dispor de conhecimento variado, como são os oferecidos pelo curso de humanidades e, na etapa seguinte, pelo curso superior. Afora as disciplinas específicas do curso de jornalismo, vale dizer aquelas que dizem respeito diretamente à sua futura ocupação, carece de saber ao menos noções gerais de matérias que irão iluminar o seu trabalho, tais como sociologia, ciência política, economia, direito público, geografia, história e outras do grupo das disciplinas complementares. Estará preparado, assim, para situar os acontecimentos no espaço, no tempo ou no contexto social, a salvo de heresias como as que ainda cometem certos comunicadores a que visivelmente falta prepara para formular a sua mensagem: heresias que o público não deixa passar e que , portanto, desconceituam os próprios veículos.
A coletividade costuma ser severa na cobrança da função educativa da comunicação.
E é realmente necessário que o seja.

Uma profissionalização efetiva

Sétima razão: a profissionalização.
A verdadeira profissionalização do jornalismo pode ser datada da época da criação dos cursos a nível universitário, a que forçosamente se seguiu a legislação protetora do trabalho.
Não que na fase anterior não existissem profissionais no ramo., ou seja, pessoas que estavam na profissão com ânimo permanente. Era, porém, um pequeno grupo sempre inferior, em número, ao daqueles que apenas transitavam pelas redações, neste maior contigente figurando jovens estudantes para os quais a minguada remuneração do trabalho servia para custear os estudos, no término dos quais se encaminhavam para as carreiras escolhidas. Outros, depois da óbvia prestação de favores, conseguiam um bom emprego público e também largavam o jornal.
Presentemente, com o constante ingresso nas redações de jornalistas graduados, já não se observa isso. Chegam para ficar. E se empenham nas tarefas, buscando melhorar sempre o desempenho, desde quando aquele é o destino definitivo, de suas expectativas, o caminho de sua realização pessoal.

A reserva do mercado de trabalho

Oitava e última razão: a estabilidade econômica da categoria.
Uma legislação composta de vários textos, o primeiro dos quais datando de 1938, regula e ampara o trabalho na imprensa. Essa legislação se tornou mais rigorosa a partir de 1969, quando, sem prejuízo para os jornalistas existentes, reservou o mercado de trabalho, desde então, aos egressos de cursos oficias ou oficializados de jornalismo. Com tal providência, o poder público, mantenedor da quase totalidade dos cursos universitários de jornalismo, visou, de um lado, a assegurar trabalho aos graduados nesses cursos, , justificando, assim, o emprego dos recursos do erário; e de outro lado, procurou garantir a estabilidade econômica da categoria através da percepção de melhores salários, posto que o privilégio concedido aos graduados obrigatoriamente implicaria mais reduzida oferta de mão-de-obra.
Vê-se, portanto, que os cursos de jornalismo estão intimamente vinculados a situação salarial dos profissionais da imprensa. Extingui-los, ou abolir a legislação protetora eqüivaleria a desorganizar completamente esse mercado de trabalho, tanto quanto abrir a porta para a concorrência de quantos, com ou sem qualificação universitária, quisessem ingressar na seara ora privativa, reproduzindo-se a situação anterior, de livre exercício da profissão. Seria, já se vê, um retrocesso inaceitável.

Recapitulando:

Para melhor fixação na memória dos que contestam, volto a citar as razões que favorecem, de modo insofismável, segundo acredito, o funcionamento dos cursos de jornalismo. Entre outras, que poderiam ser aduzidas, são elas, como já disse: a opção vocacional; a seleção dos mais aptos ao exercício da profissão; o preparo para o ofício; o conhecimento da ética do jornalismo; o estudo da legislação de imprensa; a formação universitária do comunicador; a profissionalização definitiva do jornalista; e, afinal, a estabilidade econômica da categoria.

Ao salientar, de forma objetiva, a necessidade deste curso, creio Ter contribuído para que cada um de vocês se capacite, em definitivo, de que fez a escolha certa ao optar pelo jornalismo, e passe, cada um, a encarar o futuro com maios confiança.
Penso que todo profissional que executa o seu trabalho com amor, vendo na produção que sai de suas mãos o fruto de sua realização pessoal, possui a convicção de que não há ofício mais estimulante do que o seu. Há de julgar assim o carpinteiro, o artista plástico, o médico, o arquiteto. É uma opinião individual. Pois para mim, da mesma maneira que, por certo, para vocês, novos jornalistas, também não existe trabalho mais empolgante que o da imprensa. Em cuja prática se está acompanhando, em toda sua vibrante palpitação, o fluxo da vida social, nas diferentes nuances em que ela se desdobra, ora em explosões de violência, ora em bonançosos períodos de paz construtiva, fornecendo para cada edição de jornal a tragédia que mata e a descoberta científica que salva, o fato representativo do progresso e o quadro angustioso da favela onde prevalecem condições subhumanas de existência- tudo isso tendo o jornal como seu estuário, e o jornalista como aquele que recolhe, transforma em palavra, e transmite.
Ser fiel à verdade é, pois, o primeiro dever do jornalista. E o que fornece a verdade é o fato. Impõe-se, por conseguinte, que seja comunicado de forma objetiva e despojada de impressão pessoal. O jornal tudo pode dizer, até mesmo no registro de ocorrências as mais escabrosas; a questão é como dizer. O erro estará em silenciar, escamoteando do público o direito à informação, pela qual, por sinal, ele paga, ao comprar o exemplar.
Com alguma freqüência, o jornalista se vê diante de seduções de vária ordem.
Propõe-se-lhe esconder fatos cuja divulgação possa prejudicar interesses, ou, pelo contrário, estampar notícias a bem de conveniências nem sempre legítimas. Para uma ou para outra dessas transigências a compensação acenada costuma ser tentadora. Porém, não pode haver retribuição mais reconfortante do que a de respirar o ar puro da honestidade profissional.
Essa correção de comportamento é que pode continuar alimentando no indivíduo, ao longo do tempo, os belos ideais da juventude. E é justamente isso que, sobre todas as coisas, desejo a vocês, meus queridos afilhados de hoje.
Deposito toda a minha fé em que, quando no exercício da profissão, e, mais tarde, quando forem envelhecendo, pelo avanço inexorável do tempo, tenham sempre conservados os sentimentos que os envolvam neste instante.,
Se assim acontecer, terão justificada a esperança de quantos, como eu, acreditam no futuro de um jornalismo cada vez melhor, servido por uma geração de profissionais preparados especialmente para sua indispensável missão.

Artigo de Jorge Calmon, jornalista brasileiro, eleito paraninfo pelos bacharéis em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal da Bahia, é Professor emérito da mesma Universidade e ex-presidente da Associação Bahiana de Imprensa. Recebeu a medalha Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo sentido cultural da sua actuação no jornalismo; recebeu ainda a Comenda do Mérito das Comunicações do Governo federal, no grau de Grande Oficial, e a Medalha do Mérito Jornalístico, da Associação Bahiana de Imprensa, de que é também Sócio Benemérito.

Dica de Lucienne Setta, Mestre em Psicologia Social e Jornalista/Relações Públicas no Brasil.